Mediação e Conciliação no pós-epidemia

Presidente do STJ propõe mediação e conciliação no pós-epidemia

Presidente do STJ,
ministro Humberto Martins

“Se nada for feito, vamos assistir a um aumento na curva do gráfico de ações judiciais distribuídas em temas como cancelamento de voos, planos de saúde, direitos trabalhistas e insolvência de empresas“, alertou nesta terça-feira (8/12) o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Humberto Martins, ao defender o incentivo aos métodos alternativos para a solução de conflitos no pós-epidemia, em 2021. Ele participou da segunda edição do seminário “Supremo em Ação: Diálogo entre os três poderes pela retomada econômica do Brasil”, evento promovido em Brasília pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados.

De acordo com o presidente do STJ, os atuais desafios sanitários, econômicos e sociais vêm levando pessoas e empresas a buscar o Poder Judiciário com “muito mais frequência”. Humberto Martins citou uma série de dados sobre a gravidade da crise do coronavírus no país. Disse, por exemplo, que 34,6% das empresas demitiram funcionários, sendo que, entre as empresas que reduziram seus quadros, 29,7% cortaram mais da metade dos postos de trabalho.

Desjudicialização

Segundo o presidente do STJ, a mediação é cada vez mais usada para resolver disputas complexas em andamento na corte. O ministro destacou também a Recomendação 71/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que orienta os Tribunais de Justiça a instalarem Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscs), voltados para a desjudicialização de demandas no meio empresarial.

No campo legislativo, ele enalteceu a recente aprovação pelo Senado da proposta que moderniza a atual Lei de Recuperação e Falência (Lei 11.101/2005). Entre outros pontos, o projeto de lei busca facilitar a negociação direta entre empresas e credores. Martins lembrou que a matéria — à espera da sanção presidencial — contou com a participação do tribunal nas discussões anteriores à elaboração do texto.

“Achatar a curva de demandas deve ser prioridade no Brasil. O aprimoramento de nossa legislação de insolvência empresarial e a superação da cultura do litígio são medidas esperadas em prol da administração da Justiça”, concluiu.

Além de Martins, participaram do seminário autoridades dos três poderes e dirigentes das maiores entidades empresariais do país. O presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, ministro Luiz Fux, afirmou que o fortalecimento da segurança jurídica é a principal contribuição do Judiciário para o Brasil retomar o crescimento a partir do ano que vem.

Para Fux, é preciso valorizar a cultura de precedentes, ampliar a digitalização dos processos e priorizar a postura de autocontenção judicial. “Nós não temos um governo de juízes eleitos, e sim um Estado Democrático de Direito. Por isso, preconizo que deve haver uma deferência com relação às leis aprovadas pelo Legislativo e aos atos do Executivo”, defendeu.

fonte: Conjur